Seguindo a maré

A madrugada tornou-se uma amiga inseparável, a lua uma fiel confidente que sempre lhe inspira cada vez mais. É lua cheia, e no silêncio desse quarto os ventos desfavoráveis sopram o navio do seu mundo para fora do curso traçado pela bússola da vida real que se faz no mundo Lá fora. Um viajante ainda está preso no seu passado, e quando isso acontece, os marujos descobrem ilhas desconhecidas.

Nessas ilhas não se vê nada além de tristeza, sentimentos em conflitos, plantações de sonhos se dilacerando dia após dia. Esse mundo abstrato talvez nunca tenha existido afinal. Quando ele se deu conta do que acontecia, já estava envolvido até o pescoço. O passado passou, e os bons velhos tempos são exatamente isso, velhos tempos. Aqueles que ocupam os álbuns de fotografias guardadas ao fundo de um porão. A vida está correndo, e, se não ficarmos atento, levantaremos os olhos e o nosso tiro de largada já terá passado por nós.

 As pessoas incultas e simplórias Serão sempre nossas mais fervorosas testemunhas. Esse marujo vai se guiando pela lua nessa ilha com passos mais atrapalhados do que lépidos, mas a chama do lampião acesa em seu coração ainda continua lhe dando o rumo certo em sua jornada chamada vida. É bem verdade que em uma de suas viagens, o marujo veio a se encantar por um protótipo de pessoa que pensou que existia, porém com o decorrer da viajem viu com toda a dor de um capitão seu barco afundar em meio a ruínas e destroços naquele oceano imenso de desilusões.

Vários Corpos, peles, cheiros, químicas a flor da pele é bem verdade, mas aquela  jornada ao mundo passado de outrora ainda se faz presente a cada dia. O que fazer agora marujo? Remar contra maré? A vida é feita para darmos passos largos para frente e deixarmos o que de ruim aconteceu em águas turvas para trás. Essa correnteza ainda há de lhe levar à águas desconhecidas, mas com o solo muito mais férteis para cultivar seus sonhos, suas certezas, suas dúvidas e alegrias.

Lembra aqueles hectares de esperança plantados em tempos passados? O tempo da colheita está próximo, muito mais do que você imagina! Continue sempre irrigando esse solo fértil dessa ilha desconhecida de sonhos, de perseverança, de pensamentos positivos. O porto seguro do seu navio está bem na sua frente, basta você olhar com um pouco mais de atenção que você o encontrará. Sei que a lembrança daquela ilha ainda lhe convém, por mais que digas que não, entretanto não é o rumo mais certo a dar ao seu barco. E assim continue viajando nessa maré de total incerteza. Não tema o desconhecido, afinal, não há tempestade que dure para sempre. Será isso tudo saudade marujo? Espero que não, porém tente descobrir! Bons ventos lhe soprem e tenha uma boa viajem ao desconhecido.